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Acidente

Médico com CNH suspensa se envolve em acidente com morte

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Um médico com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa foi liberado após se envolver em um acidente com morte na freeway, no trecho de Santo Antônio da Patrulha.

De acordo com a ocorrência, Leandro Toledo de Oliveira, 37 anos, teria atingido por trás duas motocicletas enquanto conduzia uma caminhonete BMW X5 na madrugada de domingo (3), no km 31 da freeway. Nas duas motocicletas, estavam Bárbara Andriélli Mendes de Moraes, de 15 anos, o pai e a mãe dela e um amigo da família. Todos sofreram ferimentos graves e foram encaminhados para o hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre.

No caminho para o hospital, Bárbara não resistiu aos ferimentos e morreu. A mãe dela e o amigo da família seguem internados, recuperando-se de fraturas expostas. O pai recebeu alta.

A ocorrência só foi registrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Polícia Civil na quarta-feira (6), às 16h54min. De acordo com a ocorrência, a moto onde ela estava ficou presa na parte da frente do carro e foi arrastada por 74 metros. A outra moto, onde estavam o pai e a mãe de Bárbara, foi arremessada para o canteiro central.

A ocorrência foi atendida pela CCR e pela Polícia Rodoviária Federal. A PRF confirma que houve um atraso para comunicar a Polícia Civil. O procedimento padrão do órgão é fazer a ocorrência de acidentes graves logo após encerrar o atendimento inicial. Caso não seja feito dessa maneira, a orientação aos agentes é fazer em até três dias. O registro do acidente que matou Bárbara foi feito mais de 85 horas depois.

O motorista da BMW foi encaminhado ao Hospital de Santo Antônio da Patrulha com lesões leves. Segundo a PRF, o médico não foi submetido ao teste de bafômetro. Também não foi solicitado o teste de presença de álcool através de exame de sangue. Ele estava com carteira suspensa por ter sido flagrado embriagado na BR-448, em Canoas, em 2015, com outro veículo da mesma marca.

A corregedoria da corporação está avaliando a atitude dos policiais. A CCR disse que levou os feridos para hospitais e deixou o restante do atendimento com a polícia.

Em contato com a reportagem de GaúchaZH na tarde desta quinta-feira (7), Leandro Oliveira afirmou que acionou um advogado para sua defesa no caso, que está muito abalado com o acidente e prefere não se manifestar.

Polícia Civil investiga o caso, mas alega dificuldades
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso nesta quinta-feira (7). O delegado Valdernei Tonete, da delegacia de polícia de Santo Antônio da Patrulha, declarou a GaúchaZH que o caso terá tramitação normal.

— Nossas prioridades são homicídio, latrocínio, crime sexual, e esse caso não será prioridade. Vai tramitar dentro das nossas estruturas. Temos apenas dois escrivães na delegacia — declarou.

Tonete disse que testemunhas serão ouvidas e perícias solicitadas dentro do possível. Ele também comentou que não pretende solicitar agora um exame de sangue do médico para verificar se há presença de álcool, já que o acidente aconteceu no domingo.

“Vi um farol na curva e em seguida fomos atingidos”

Bárbara Andrielly com o pai, Douglas Samuel Ozório de Moraes, de 38 anos
Arquivo Pessoal / Divulgação

Pai de Bárbara, o motoboy Douglas Samuel Ozório de Moraes, 38, estava com sua esposa em uma das motos. A outra, onde estava a adolescente, era conduzida por um dos seus melhores amigos e colega de profissão. Eles decidiram viajar juntos, na faixa da direita, para tentar evitar acidentes. O plano, no entanto, foi frustrado.

— Foi muito rápido. Quando percebi o clarão do farol entrando na curva, eu reduzi e fui para direita, mas a luz já estava no meu retrovisor. E aí bateu em mim, me atirou para o canteiro central, minha esposa voou para cima, caiu no meio do asfalto, e ele pegou em cheio minha filha e o colega — lembrou.

Moraes levantou logo após cair no canteiro central e pediu ajuda para trancar o trânsito, impedindo que algum outro veículo atingisse sua esposa. Ele contou com a ajuda de um caminhoneiro, que atravessou sua carreta na estrada. Outros dois carros pararam em seguida para prestar socorro.

Assim que percebeu que sua esposa estava em segurança, o motoboy foi imobilizado pelas outras pessoas e deitado no chão. O pai ainda tentou levantar para procurar sua filha, mas sentiu uma dor forte na coluna, “como se fosse uma facada”, descreve. Ele só recebeu notícias de Bárbara na tarde de domingo, no hospital, quando o médico contou que ela não resistira aos ferimentos.

Quem era a vítima

Bárbara morava no loteamento Emboaba Arquivo Pessoal / Divulgação

Bárbara Moraes fazia sua primeira viagem. Ela iria ver a avó em São Leopoldo, saindo da cidade de Tramandaí, no Litoral Norte, onde mora a família.

Ela morava no loteamento Emboaba, em Tramandaí, em uma casa lotada: tinha outros nove irmãos. Era aluna do 9º ano da Escola Municipal Thomaz José Luiz Osório. Nesta quinta-feira, em luto devido à morte, os estudantes da instituição não tiveram aula. As atividades escolares foram substituídas por conversas de professores e da direção com os alunos.

Bárbara estava empolgada para ver a avó, após se curar das complicações de uma apendicite. Ela passou mais de um mês internada em um hospital para o tratamento. O pai acompanhava diariamente a recuperação da filha.

— Saía do serviço à 1h e ficava com ela até as 11h. Meu anjo guerreiro — lamentou.

Segundo seu pai, o sonho de Bárbara era ser bombeira, para poder ajudar outras pessoas. O velório dela ocorreu na segunda-feira (4) em Tramandaí.

 

 

 

Douglas e a filha Bárbara, de 15 anos
Arquivo Pessoal / Divulgação

Fonte: Gaucha ZH

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