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Beneficiários do auxílio emergencial foram responsáveis por mais de R$ 54,5 milhões em doações de campanha, diz TSE
Relatório afirma que doações e gastos de candidatos com suspeitas de irregularidades chegam a R$ 589 milhões nas eleições municipais de 2020.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) identificou quase 64 mil beneficiários do auxílio emergencial entre os doadores de campanhas do primeiro turno das eleições municipais deste ano.
Ao todo, os doadores foram responsáveis por repasses que somam mais de R$ 54,5 milhões.
As informações fazem parte de um cruzamento de um banco de dados de seis órgãos federais, como Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Ministério Público Eleitoral (MPE).
Na quinta fase da análise de dados, os técnicos conseguiram inserir no sistema a lista dos beneficiados com os pagamentos do auxílio emergencial, além dos que recebem o Bolsa Família.
Segundo os técnicos, a análise do auxílio emergencial impactou significativamente no total de doações e pagamentos com suspeitas de irregularidades. Agora, são investigados cerca de R$ 589 milhões.
A análise identificou 31.725 fornecedores de campanha cujo quadro societário inclui beneficiários do programa Bolsa Família ou do auxílio emergencial. Segundo as prestações de contas, essas empresas foram contratadas para prestar serviços às campanhas e, juntas, receberam um total de R$ 386 milhões.
Na etapa anterior da verificação, em 16 de novembro, os dados só levavam em conta o Bolsa Família. Essa checagem já tinha encontrado 1.289 fornecedores com beneficiários do programa social entre os sócios e que tinham recebido um total de R$ 940 mil.
Foram identificados ainda:
7.985 empresas criadas recentemente e com sócio filiado a partido político que receberam um total de R$ 68,7 milhões;
12.437 doadores sem emprego formal que repassaram um total de R$ 44,2 milhões;
2.751 doadores com renda incompatível com doações que somam R$ 23,7 milhões;
5.603 prestadores de serviço que têm parentesco com a candidatos e que receberam um total de R$ 7,3 milhões;
1.949 fornecedores sem registro na junta comercial ou na Receita que receberam R$ 3,3 milhões;
24 doadores aparecem no Sistema de Controle de Óbitos e como responsáveis por doações de R$ 36 mil.
Essas informações serão analisadas pelos juízes eleitorais que podem determinar novas investigações e usar o material para julgar as contas eleitorais.
O Ministério Público Eleitoral também vai apurar os casos. Se forem confirmadas as irregularidades, os candidatos eleitos podem ter seus mandatos questionados na Justiça.
Candidatos
Os dados se somam a um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) do início do mês que encontrou mais de dez mil candidatos que declararam patrimônio igual ou superior a R$ 300 mil e receberam alguma parcela do auxílio emergencial até julho de 2020. Quase 2 mil candidatos são do estado de São Paulo, número semelhante em Minas Gerais.
A lista do TCU inclui candidatos com patrimônio de mais de R$ 1 milhão. Alguns declararam ter carros de luxo, prédios comerciais, fazendas, indicando condição financeira bem distante da realidade da maioria dos brasileiros que precisa do auxílio emergencial.
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