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PF cumpre medidas judiciais para repressão à lavagem de capitais e descaminho de mercadorias, no RS
A Polícia Federal (PF), em colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), Polícia Civil, Receita Federal do Brasil, Brigada Militar e SUSEPE, desencadeou nesta quinta-feira (30/11) a Operação Afluência, com o objetivo de reprimir uma organização criminosa envolvida no descaminho de bebidas alcóolicas de origem estrangeira que entram ilegalmente no Brasil, além de crimes conexos como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsificação documental.
Para desmantelar o grupo, estão sendo executados 50 mandados de busca e apreensão, 5 de prisão preventiva, 22 medidas cautelares substitutivas de prisão, juntamente com decretos judiciais de arresto/sequestro de 133 veículos e 30 imóveis, totalizando bens avaliados em aproximadamente R$ 20 milhões, além do bloqueio de valores em contas dos investigados e empresas.
A Operação Afluência está ocorrendo em diversos municípios, incluindo Venâncio Aires, Lajeado, Estrela, Cruzeiro do Sul, Aceguá, Bagé, Jaguarão, Pelotas e Morro Redondo, no Rio Grande do Sul, assim como São Paulo, Tarumã e Rio de Janeiro/RJ, e em Belo Horizonte, Minas Gerais.
De acordo com as investigações, o núcleo central da organização criminosa está estabelecido na região do Vale do Taquari, com o principal foco no descaminho de bebidas destiladas e vinhos, introduzidos ilegalmente no país pelas fronteiras com Argentina (vinhos) e Uruguai (destilados).
O grupo criminoso contava com fornecedores e intermediários para adquirir produtos diretamente de free shops uruguaios ou lojas de vinhos argentinas. O pagamento era realizado de forma física, atravessando a fronteira com dinheiro, ou por meio de doleiros.
Uma vez no território nacional, as bebidas eram transportadas para os depósitos do grupo e, posteriormente, enviadas a grandes atacados nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O transporte das mercadorias ocorria em veículos próprios da organização, como carretas e caminhões, disfarçadas sob outros produtos, como grãos e frutas. Outra prática era o envio por empresas transportadoras, utilizando notas fiscais falsas emitidas por empresas vinculadas ao grupo.
Para receber os valores provenientes das vendas, a organização criminosa usava contas em nome de dezenas de pessoas físicas e jurídicas (“laranjas”), como concessionárias e locadoras de veículos, construtoras, postos de combustíveis e do setor de cigarros. Os proprietários dessas empresas misturavam os recursos ilícitos com recursos legítimos de suas atividades.
A investigação revela que o grupo criminoso atua de forma organizada desde pelo menos janeiro de 2019, movimentando mais de R$ 62 milhões com a venda ilegal de bebidas alcoólicas no território brasileiro.
O nome “Afluência” faz referência ao estado de quem demonstra riqueza, evidenciado pelos sinais exteriores de prosperidade dos principais investigados. Também está associado ao excesso de movimentação de pessoas ou coisas convergindo para o mesmo local, simbolizando o uso de contas bancárias de terceiros e outorga de procurações, movimentos que convergem para uma mesma pessoa, ou seja, o alvo principal. Dessa forma, a “Afluência” de capitais é representada.
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