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Entenda a diferença entre o soro anticovid e as vacinas

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Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou que o Instituto Butantan, de São Paulo, realize testes do soro anticovid em humanos, que se trata do primeiro medicamento deste tipo no Brasil.

Soro anticovid em humanos se trata do primeiro medicamento deste tipo no Brasil | Foto: Reprodução / Pixabay

Segundo a pesquisadora Ana Marisa Chudzinski Tavassi, diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do instituto, a principal diferença entre o soro e a vacina é que o primeiro serve para tratar a Covid-19 e, o segundo, para prevenir a doença. “A ideia do soro é tratar e bloquear o vírus que está infectando a pessoa, não induzir a formação de anticorpos”, explica.

Isso porque o medicamento já é composto por anticorpos e, no organismo, terá uma ação imediata contra o coronavírus. Já a vacina atua para induzir o corpo a criar anticorpos contra o SARS-CoV-2, podendo levar cerca de 15 dias para que o sistema imunológico comece a responder.

Vale ressaltar que as vacinas em aplicação no Brasil (Coronavac, da Pfizer e da AstraZeneca), têm eficácia comprovada para prevenir quadros graves de covid-19, mas os imunizados ainda podem contrair o vírus e apresentar sintomas leves. Pessoas vacinadas que forem diagnosticadas com a doença poderão fazer uso do soro durante o tratamento.

“A pessoa foi vacinada, mas talvez o organismo não respondeu a tanto quanto se esperava, então, ela não tem níveis de anticorpos suficientes para bloquear esse vírus. Se ela começou a manifestar a doença, não tem nenhuma contra indicação para receber um anticorpo pronto, via soro”, afirma a pesquisadora.

Fabricação do soro anticovid

Diferentemente do que ocorre com as vacinas, não é necessário importar os ingredientes farmacêuticos necessários para a fabricação do soro. Segundo Ana Marisa, o medicamento é produzido a partir do plasma de cavalos que receberam o coronavírus inativado e produziram os anticorpos, que são purificados e, posteriormente, usados como um soro.

“O vírus foi isolado de um paciente brasileiro e foi inativado, o que significa que ele não tem mais condição de infectar. O cavalo reconhece o vírus como não próprio e seu sistema imune faz anticorpos. Parte do sangue desse cavalo é coletada, na verdade já temos um sistema que só coleta o plasma. No Instituto Butantan, se faz um processo de purificação, que significa retirar desse plasma só os anticorpos, que serão tratados para que se transformem em um produto”, explica a pesquisadora.

Quando o soro estará disponível?

O soro só poderá ser usado no Brasil após a conclusão da fase de testes em humanos e aprovação da Anvisa. O Instituto Butantan se prepara para iniciar a primeira etapa do estudo clínico, mas, para isso, precisa recrutar voluntários para os testes.

Segundo a pesquisadora, o grupo em que o soro será testado deve ser composto por pessoas que têm alta probabilidade de desenvolver a Covid-19 de forma grave, pessoas transplantadas e pessoas em tratamento quimioterápico, estas últimas por terem o sistema imunológico suprimido e, por isso, também fazem parte do perfil de risco para a doença.

Na primeira fase de testes, será observada a segurança do soro e, na segunda, a dose necessária para a aplicação – ambas serão realizadas com 60 voluntários. Já na terceira etapa, que analisa a eficácia do soro, o instituto pretende testar o medicamento em 700 pessoas, contando com as inseridas nas etapas anteriores.

“Vai depender de ter os voluntários com as características que foram colocadas e propostas para a Anvisa e para o Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa). Precisamos ter esse número grande de pessoas para fazer uma análise estatística de que o soro tem efeito”, explica a pesquisadora.

Em nota, o Instituto Butantan informou que os resultados dos testes realizados em ratos infectados pelo vírus vivo mostraram que o soro foi capaz de diminuir a carga viral do novo coronavírus, além de reduzir o perfil inflamatório; os animais também apresentaram preservação da estrutura pulmonar.

 

Créditos: R7

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