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“Enquanto ela não for localizada, as investigações seguem”, diz delegada sobre advogada desaparecida no RS

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Há 345 dias, a família de Alessandra Dellatorre, 29 anos, busca resposta para a mesma pergunta: onde está a advogada? Em 16 de julho do ano passado, ela saiu de casa, no bairro Cristo Rei, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, para caminhar. Era algo habitual em sua rotina. Mas Ale, como era chamada por pessoas próximas, nunca mais voltou. O sumiço se aproxima de completar um ano. A Polícia Civil afirma que a investigação só será encerrada quando o mistério sobre o paradeiro dela for esclarecido.

Ale, como era chamada por pessoas próximas, saiu de casa para fazer caminhada e nunca mais voltou. Foto: Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Desde que a advogada sumiu, a família não descansou, na tentativa de localizá-la. Buscas são realizadas, cartazes foram espalhados pela região e uma página foi criada na internet em busca de informações. A conta @ProcurandoAle tem 6,1 mil seguidores. Na última postagem, há uma semana, a família suplica que quem souber onde está a advogada entre em contato pelo telefone divulgado. Na publicação, os familiares fazem um apelo também dirigido a Ale: “Filha amada, se tu podes retornar para nossa casa, volte. Estamos desesperados com a tua ausência. Te amamos”.

O caso da advogada é investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Leopoldo, equipe da Polícia Civil responsável por apurar desaparecimentos. Ao longo da apuração, mais de duas dezenas de pessoas foram ouvidas, houve quebra de sigilo do telefone dela, e buscas em áreas de mato, além de perícias realizadas na tentativa de localizar a advogada.

— Não existe arquivamento em caso de desaparecido. Enquanto a pessoa não tiver sido localizada, ou tiver notícia de morte, enquanto não for localizado o corpo da pessoa ou a pessoa, as investigações seguem em andamento. Enquanto ela não for localizada, as investigações seguem — garante a delegada Mariana Studart.

Hipóteses

A investigação realizada pela polícia não identificou até hoje nenhuma evidência de que Ale tenha sido vítima de algum crime. Segundo pessoas próximas, a jovem era acostumada a percorrer longas distâncias e poderia ter se afastado do município onde morava. A suspeita dos familiares de que a advogada tenha, por algum motivo, ficado desorientada durante a atividade e esteja em algum local sem conseguir voltar para casa.

No entorno do local onde a advogada sumiu, há câmeras de monitoramento, mas nenhuma registrou uma possível saída dela. Buscas foram feitas no local pelas autoridades, mas nada foi encontrado. Filha única, Ale morava com os pais e estava estudando para concurso público. A advogada é descrita como uma pessoa simples e amorosa, que faz amizade fácil.

O advogado Matheus Trindade, que representa a família de Alessandra no caso, afirma que vem mantendo contato com a Polícia Civil e também com os investigadores particulares que atuam  no caso. Segundo o profissional, novas pessoas foram ouvidas recentemente, mas não trouxeram pistas sobre o paradeiro da advogada.

— Nós temos esperança. Não existe nenhuma linha que dê a entender que ela possa ter se suicidado ou tenha sido morta. Os bombeiros e a Polícia Civil fizeram uma varredura na mata. Trabalhamos sim com a hipótese de ela estar viva — afirma o advogado.

Quem tiver informações que possam contribuir com a elucidação do desaparecimento deve entrar em contato com a Polícia Civil pelo telefone 0800 6420121.

Os principais acontecimentos do caso

Desaparecimento

Aos 29 anos, Alessandra Dellatorre sumiu num sábado, dia 16 de julho. Ela saiu de casa por volta das 14h30min para caminhar, vestindo um moletom preto e calça da mesma cor. A advogada deixou em casa o aparelho celular e documentos. Ela levou também uma garrafa, supostamente com uma bebida que costumava tomar antes da atividade. Câmeras de segurança chegaram a registrar parte do trajeto feito pela advogada.

Buscas

Assim que percebeu que a jovem não voltou para casa, a família passou a se mobilizar e acionou a polícia. Foram espalhados cartazes com fotos e informações sobre a advogada no entorno de sua casa e em vias movimentadas de São Leopoldo, assim como em municípios da região. Sem respostas, a família chegou a expandir a procura para outros Estados.

Apelos da família

No dia 22 de julho, seis dias após o sumiço de Ale, os pais dela divulgaram um vídeo nas redes sociais. Eduardo e Ivete Dellatorre solicitavam ajuda para encontrar a filha e agradeciam as autoridades e pessoas por compartilharem o caso.

— Minha filhinha está desaparecida há mais de seis dias. Eu lhes peço encarecida e humildemente, um pai e uma mãe que estão em desespero, que se souberem de qualquer fato ou situação relacionada à Alessandra que entre em contato — disse o pai.

Outdoor 

Na metade de setembro do ano passado, um outdoor foi instalado pela família de Alessandra na esquina da Rua Dom João Becker com a Rua São João, uma das mais movimentadas do centro de São Leopoldo. Nele, foram inseridas fotos de Alessandra e o telefone usado pela família para tentar obter novas pistas.

Incursões em matagais 

Após o sumiço, foram realizadas buscas em áreas de mato pelos policiais, com auxílio dos bombeiros e cães farejadores, mas nada de concreto, que pudesse indicar o que aconteceu, foi localizado. Equipes também realizaram diligências em municípios vizinhos, sem sucesso.

Investigação particular 

Investigadores particulares foram contratados pela família para apurar toda e qualquer informação nova que chega ao conhecimento. Amigos e parentes seguem refazendo os passos da jovem.

Laudo pericial

Durante as buscas, familiares de Ale encontraram uma garrafa descartada por ela no trajeto. No dia 25 de janeiro, o laudo da perícia realizado na garrafa foi concluído. O exame indicou a presença de uma mistura de substâncias compatíveis com um medicamento chamado Venvanse, utilizado para tratar o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e de uma bebida energética com cafeína, comumente usada em pré-treinos físicos. Contratado pela família de Alessandra, o advogado Matheus Trindade avaliou naquele momento que o resultado da perícia enfraquece a possibilidade de suicídio. A família já sabia que a jovem fazia uso do medicamento.

Dicas de como agir

Em desaparecimentos

Registre o desaparecimento na polícia assim que for percebido.

Leve uma fotografia atualizada para repassar aos policiais.

Outras informações relevantes no momento do registro são saber se a pessoa tem telefone celular e se foi levado junto, se possui redes sociais, os dados de conta bancária, se possui veículo e qual a placa, locais que costuma frequentar, pessoas com quem mantêm contato (amigos, familiares), se é usuária de drogas e se houve alguma desavença que pode ter motivado o sumiço.

Comunique o desaparecimento aos amigos e conhecidos, que podem auxiliar com informações. Ao divulgar o sumiço, informe os contatos de órgãos oficiais como Polícia Civil e Brigada Militar para receber informações. Isso evita que criminosos interessados em extorquir familiares de desaparecidos se aproveitem da situação.

Outra orientação importante é que as famílias comuniquem a polícia não somente o desaparecimento, mas também a localização. É muito comum os policiais depararem com casos de pessoas que não estão mais desaparecidas, mas que no sistema constam como sumidas porque o registro de localização não foi feito.

Se forem crianças ou adolescentes

Percorra locais de preferência da criança.

Saiba informar quem são os amigos dela e com quem pode estar.

Esteja atento às roupas que a criança ou adolescente está usando e, em caso de sumiço, descreva para a polícia.

Mantenha alguém à espera no local de onde ela sumiu. É comum que ela retorne para o mesmo ponto.

Ensine as crianças, desde pequenas, a saberem dizer seu nome e o nome dos pais.

Quando a criança ou adolescente for localizado, informe a polícia.

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