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Saúde

Hospital do RS realiza cirurgia cerebral inédita com uso de robô

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Procedimento com uso de navegador cirúrgico e braço robótico é inédito na América Latina. Paciente que passou pela cirurgia é um médico de 58 anos. A intervenção teve sucesso e ele passa bem.
Uma cirurgia cerebral foi feita com o uso de um robô em Porto Alegre. O procedimento aconteceu no dia 5 de outubro, no Hospital Moinhos de Vento e foi um sucesso – o que abre novas possibilidades para a medicina e dá esperança para pacientes. Segundo o hospital, foi a primeira vez na América Latina que uma intervenção desse tipo foi realizada.
Realizada pelo neurocirurgião Arthur Pereira Filho, do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da instituição, o procedimento consistiu em uma biópsia de uma lesão cerebral de um paciente de 58 anos – coincidentemente, também um médico. Com a ajuda de um equipamento de neuronavegação e de um braço robótico, ambos importados, a cirurgia precisou lidar com uma área profunda do cérebro, perto de zonas com funções nobres, como expressão da linguagem e controle motor. Foi a primeira vez que um braço robótico foi usado para esse tipo de operação em hospitais da América Latina.

Responsável pelo procedimento, Arthur Filho precisou passar por um treinamento na Alemanha, onde recebeu um certificado de capacitação para o uso do equipamento. Segundo ele, os benefícios da nova tecnologia são a rapidez, a precisão, a capacidade de programação pré-cirúrgica e, principalmente, o fato de ser menos invasivo do que as alternativas anteriores.
“No caso da neurocirurgia, uma das vantagens é que é muito pouco invasiva. Também nos traz uma precisão muito grande, não perde em nada para outros métodos já estabelecidos, com a vantagem de ser mais simples, mais prática, e com tempo de procedimento bem menor. Uma das alternativas para este tipo de biópsia é a estereotaxia, em que o paciente precisa fazer uma tomografia e ser exposto a radiação. Com a navegação guiada por robô, o paciente não é exposto a nenhuma radiação”, ressalta o neurocirurgião.
GPS cerebral
O uso do braço robótico Cirq, da empresa alemã especialista em cirurgia assistida por computador Brainlab, em neurocirurgias foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há cerca de oito meses. São autorizados pela agência reguladora dois procedimentos: a introdução de parafusos na coluna e a biópsia cerebral. Para a operação, é usado também o sistema de neuronavegação Curve, uma espécie de GPS cerebral que utiliza imagens de ressonância magnética para direcionar de forma mais precisa a localização dos melhores alvos da biópsia.

Em agosto, o primeiro uso do braço robótico foi feito para introduzir parafusos na coluna de um paciente que sofria de dor lombar e não havia obtido sucesso com tratamentos clínicos prévios. Agora, a equipe do médico Arthur Filho, que cona também com seu irmão, o neurocirurgião Nelson Pereira Filho, usou pela primeira vez o aparelho em uma biópsia cerebral.
“O sistema alia o braço robótico e a neuronavegação. É um equipamento que funciona como um GPS, só que aplicado à anatomia humana. Um software faz a integração dos dados e comunica ao braço robótico. O primeiro movimento do braço é feito pelo cirurgião, que aperta um botão do braço e o leva até uma posição em que o neuronavegador faz a leitura. A partir do momento em que o equipamento dá a luz verde, o braço faz o movimento sozinho e localiza milimetricamente o alvo pré-estabelecido”, explica.
O Hospital Moinhos de Vento já adquiriu em definitivo o sistema de neuronavegação, por cerca de R$ 3 milhçoes, e pretende comprar, pelo mesmo valor, o braço robótico até o início do ano que vem.
Para o futuro, além de um maior número de neurocirurgiões capacitados para usar o aparelho, Pereira Filho avalia que a tecnologia pode ser usada em outros procedimentos de neurocirurgia – no Hospital Moinhos de Vento, já há pesquisas desse tipo sendo realizadas.

Foto: Leonardo Lenskij /Divulgação

“Com o avanço desta tecnologia, no futuro, podemos pensar em fazer cirurgias de alta complexidade à distância, por exemplo”, avalia.

Fonte: G1 / RS

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