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Polícia recebe novos relatos sobre médico suspeito de causar lesões em pacientes no RS

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A Polícia Civil recebeu ao menos cinco novos casos de pessoas que foram atendidas pelo médico suspeito de causar lesões em pacientes em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Na segunda-feira (13), ele foi afastado de suas funções por 180 dias após decisão judicial, sem poder atender pacientes ou se aproximar de parentes das vítimas que teria lesado. O inquérito policial aponta que cinco pessoas morreram após intervenções realizadas pelo cirurgião João Couto Neto.

O advogado do médico foi procurado pela RBS TV, mas preferiu não se manifestar. O Hospital Regina, um dos locais onde o cirurgião atuava, disse que está colaborando com a investigação. O Conselho Regional de Medicina (Cremers) informou que está com uma sindicância aberta pra investigar João Couto Neto.

O eletrotécnico Flávio das Chagas foi até a polícia, nesta terça (13), após assistir à reportagem do RBS Notícias que revelou o caso. A mãe dele, Terezinha, morreu em março de 2020, 54 dias depois de dar entrada no hospital para operar uma hérnia. A família afirma que, depois da operação, o médico ofereceu uma abdominoplastia, uma plástica para retirar excesso de pele da barriga. A paciente foi para casa, mas dias depois precisou ser internada com uma perfuração no intestino.

“Ele tentou costurar o intestino dela”, diz o filho da paciente.

Dos cinco boletins de ocorrência, três foram registrados como homicídio e dois como lesão grave. O médico foi intimado para depor, mas ficou em silêncio. Ele disse aos investigadores que vai falar apenas em juízo.

Processo judicial

Uma mulher processou o médico por problemas em uma cirurgia de endometriose realizada há nove anos.

“No outro dia, eu acordei urrando de dor. Eu me segurava com todas as minhas forças no meu esposo e dizia que eu ia morrer. A dor era imensurável. Nós voltamos às pressas para o Hospital Regina, e eu acordei sete horas depois cheia de tubos, cheia de drenos e com uma bolsa de colostomia, e ninguém me falou nada, ninguém me avisou nada, fiquei na sala de recuperação a noite inteira. A única pessoa que entrou pra me ver foi ele, chorando, ele só sabia dizer que estava tudo bem. Só que ali eu estava entre a vida e a morte, eu não sabia. A minha vida virou de cabeça para baixo e, de lá pra cá, eu vivo o inferno na Terra”, diz a mulher, que prefere não ser identificada.

Ela conta que, após um exame, o cirurgião diagnosticou que o local onde o intestino foi emendado estava estenosado, ou seja, mais estreito.

“Não ia passar nada ali, e aí eu ia ter que passar por uma nova cirurgia. Só que aí ele lavou as mãos e disse que não podia fazer mais nada por mim”, afirma.

Investigação

A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão no apartamento do cirurgião, em uma clínica particular de propriedade do médico e no Hospital Regina. A Justiça negou o pedido de prisão preventiva do médico.

Conforme o delegado responsável pela investigação, Tarcísio Lobato Kaltback, o médico, que se apresenta como especialista na realização de cirurgias do aparelho digestivo, é responsável por “intervenções desastrosas e desumanidade no tratamento pós-operatório, com descaso total quanto à saúde”.

“Uma vítima, por exemplo, ia fazer a correção de uma hérnia e tinha o intestino perfurado. Uma outra vítima ia fazer uma cirurgia de uma pedra na vesícula e tinha o fígado cortado”, afirma.

Entre os relatos coletados pela polícia, há depoimentos que apontam casos de infecção generalizada, trombose, embolia pulmonar e até mesmo demência após a realização de procedimentos realizados pelo cirurgião.

Foto: Reprodução

Fonte: RBS TV

 

 

 

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