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Agronegócio

Soja: Brasil tem semana travada para novos negócios com despencada do dólar e dos prêmios, ainda negativos

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Os futuros da soja fecharam o pregão desta quarta-feira (12) em campo misto na Bolsa de Chicago. O destaque para o produtor brasileiro, porém, foi a despencada de mais de 1% do dólar frente ao real, levando a moeda americana a R$ 4,93. Com prêmios em baixa forte e a CBOT redefinindo sua rota, os preços no mercado brasileiro continuam sob intensa pressão, o que mantém os novos negócios ainda bastante escassos neste momento.

A cotações têm cedido tanto no interior, quanto nos portos do Brasil e refletem a grande oferta 2022/23 do país – sendo estimada de 150 a 155 milhões de toneladas pelas consultorias privadas e órgãos públicos – que se choca com uma infraestrutura logística limitada e insuficiente para escoar toda essa soja no melhor tempo hábil possível.

Dessa forma, como relata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, os prêmios para a oleaginosa brasileira têm variado de 130 a 140 cents de dólar negativos – ou seja, mais de US$ 1,00 por bushel abaixo do que se pratica na Bolsa de Chicago – para o curto prazo, pelo menos até maio. E a tendência é de que permaneçam sob pressão até o início do segundo semestre.

“Os prêmios tendem a melhorar a partir de agosto, quando já se mostram entre 50 e 70 centavos positivo, em setembro já passa de 100/120 positivos e vendedor já querendo setembro com outubro 150 positivo. Então, os prêmios ali para frente, quando descongestionarem os portos, automaticamente melhoram”, afirma Brandalizze.

O consultor explica que, neste cenário, há inúmeras realidades de produtores precisando redefinir suas estratégias comerciais. Alguns com compromissos financeiros para serem cumpridos de abril a maio, outros com condições de segurar um pouco mais a soja e avançar com vendas de milho – mas também assustados pelas recentes e agressivas quedas do cereal no mercado nacional – e outros ainda que têm espaço para evitar o mercado da forma como se apresenta agora.

Indepente de qual seja, a estratégia será necessária. “Vimos falando desde novembro que o mercado seria pressionado na colheita, agora é o período de maior pressão, de oferta, e não tem espaço nos porto para maiores volumes”, diz o consultor.

De acordo com o levantamento da Brandalizze Consulting, a pressão maior sobre as cotações neste momento se regiões como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Triângulo Mineiro, onde os indicativos estão variando de R$ 135,00 a R$ 145,00 por saca no mercado de balcão, também travado diante da falta de espaço nos armazéns.

Nos portos, os preços também caem, com Paranaguá falando já de R$ 147,00 por saca no abril, bem distante dos melhores momentos já registrado neste primeiro trimestre de 2023. Para o terminal paranaense, a melhor posição, ainda segundo o consultor, seria R$ 158,00 no agosto. Em Rio Grande, as referências variam de R$ 151,00 – no maio – até R$ 156,00 no julho.

“Tem sido uma semana meio presa de negócios, pouco se movimentou porque o produtor esperava que o USDA desse um fôlego para as cotações, não veio, e para piorar o dólar está caindo forte”, diz.

Neste ambiente, com a safra 2022/23 da América do Sul prestes a ser concluída, o produtor brasileiro agora terá de dividir suas atenções e esforços entre seu plano comercial e o início da nova safra dos Estados Unidos, como explicou o analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin.

“A soja americana tem que ficar cara, (por agora) esse é o único jeito. E para ela ficar cara tem que ser uma produção menor. Não vai ser a produtividade. A safra americana não quebra, são raros os anos de quebra além de 5% de produtividade, o que vai realmente vai fazer efetivo é uma redução da área. E há uma ameaça real que é o norte dos Estados Unidos, com muita neve agora. Isso traz degelo e a água, na forma de neve, segundo o NOAA, varia de 1500 a 2000 milímetros. Vai virar um atoleiro só. E isso sim pode reduzir a área de soja e milho, nas Dakotas e em Minnesota. Se isso acontecer, a área menor, soja americana fica cara e o Brasil vai nadar de braçada, sendo a nossa salvação para estes prêmios que não param de cair”, detalha o analista.

Reveja a entrevista de Eduardo Vanin, na íntegra, ao Notícias Agrícolas nesta quarta-feira:

BOLSA DE CHICAGO

Na Bolsa de Chicago, os primeiros contratos encerraram o dia com ganhos e o maio subindo 7 pontos, sendo cotado a US$ 15,04 e o julho com US$ 14,72 e alta de 1 ponto. Já os vencimentos mais alongadas terminaram o dia no vermelho, com o setembro perdendo 4,25 pontos e valendo US$ 13,39 por bushel.

“A ponta longa da curva dos futuros na CBOT volta a cair mais forte do que a ponta curta. Como temos falado há um tempo, o Brasil terá mais soja para concorrer com os EUA no final do ano”, afirma o time da Agrinvest. “Ontem, o USDA elevou a oferta total de soja do Brasil em 1,7 milhões de toneladas (para 154 milhões de t), elevando por tabela o estoque de passagem no dia 1º de outubro para 32,75 milhões de toneladas, maior estoque desde 2018/19, quando da guerra comercial entre Estados Unidos e China”.

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